Temos feito a nossa parte em estudar e meditar na Palavra de Deus?
Publicado em 03/01/2023
Em uma de suas parábolas, Jesus conta a história de um semeador que deixa cair sementes em quatro lugares diferentes: à beira do caminho, em solo rochoso, em espinhos e, por fim, em terra boa (Lucas 8:4-8). Durante a narrativa, Cristo deixou evidente que a semente havia se perdido nas três primeiras situações e só havia germinado, resultando em frutos, quando caiu em terra boa. Então, quando questionado pelos discípulos a respeito do significado da parábola (Lucas 8:9), Jesus explicou que havia uma relação entre a semente e a Palavra de Deus.
O Mestre assemelha a semente infrutífera derrubada à beira do caminho a “todos os que ouvem a palavra do reino e não a compreendem” (Mateus 13:19) e a semente frutífera cultivada em terra boa àquele que “ouve a palavra e a compreende” (Mateus 13:23), assim como a “retém no coração” (Lucas 8:15). Cremos que é o Senhor quem abre nossos olhos e nos dá entendimento, mas a grande pergunta é: temos feito a nossa parte em estudar e meditar na Palavra de Deus?
Como defensores da doutrina do Sola Scriptura, reconhecemos que a Bíblia tem papel vital na vida do cristão. Como descreve a própria Confissão de Fé Batista de 1689: “A Sagrada Escritura é a única regra suficiente, certa e infalível de conhecimento para salvação, de fé e de obediência”. Uma vez que entendemos que a Sagrada Escritura é a própria Palavra de Deus, devemos nos dedicar às disciplinas espirituais de estudo bíblico e meditação. Mas, afinal, o que é estudar a Bíblia e meditar nela?
Por meio do estudo bíblico o cristão consegue adquirir uma compreensão mais profunda da palavra de Deus. Nele observamos de maneira minuciosa as riquezas contidas nos textos bíblicos, examinando os detalhes dos personagens, das narrativas, dos autores, da geografia, da datação e do estilo literário; buscando não somente compreender o que o texto diz, mas também intencionalmente descobrir o que o autor original pretendia passar.
Contudo, devemos ter em mente aquilo que Martinho Lutero já dizia:
“Da mesma forma como vamos até o berço tão somente para encontrar um bebê, também recorremos às Escrituras apenas para encontrar Cristo.”
Portanto, todo o nosso estudo deve ser centralizado unicamente em Deus. Devemos deixar de lado nossos pensamentos, impressões, concepções etc., para nos atentarmos ao que Deus diz.
Se no estudo buscamos compreender e interpretar as verdades bíblicas, na prática da meditação refletimos sobre essas verdades, trazendo a aplicação para nossas vidas.
O cristão deve saborear e mastigar a palavra de Deus a todo momento, em todos os lugares, até que ela esteja retida em seu coração, conforme o salmista descreve:
“[…] o seu prazer está na lei do Senhor, e na sua lei medita de dia e de noite”. Salmos 1:2
O pastor Tim Keller relata em seu livro “Oração: experimentando intimidade com Deus” que antes de orar o crente deve ter o hábito de ouvir a voz de Deus por meio da meditação, e aquele que assim o faz apresenta as seguintes características:
Se questione e responda: O que o texto me ensina sobre Deus? Qual a vontade do Senhor? Como isso transforma minha vida? O que devo fazer em resposta a isso?
É esperado do cristão, como mandamento, que conheçamos e amemos a Deus com toda a nossa capacidade intelectual e entendimento.
“Ame o Senhor, seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma, de todo o seu entendimento e com toda a sua força.” Marcos 12:30
A Bíblia revela a vontade de Deus para nossas vidas, nos mostrando o caminho que devemos andar.
“Lâmpada para os meus pés é a tua palavra; ela é luz para os meus caminhos.” Salmos 119:105
Por meio das Escrituras é que somos ensinados, advertidos e corrigidos para que nos tornemos semelhantes a Cristo.
“Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o servo de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra.” 2 Timóteo 3:16-17
A palavra de Deus é a nossa arma diante das investidas de Satanás e da incredulidade do nosso coração. John Piper, teólogo e pastor batista, relata que a fé nas promessas de Deus nos conduz à obediência e nos ajuda na luta contra o pecado.
“No coração, ele tem a lei do seu Deus; os seus passos não vacilarão.” Salmos 37:31
“Usem também o capacete da salvação e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus.” Efésios 6:17
Como crentes chamados ao discipulado, devemos estar aptos a ensinar aos novos na fé, tendo em mente que seremos cobrados por isso.
“Aquele, pois, que desrespeitar um destes mandamentos, ainda que dos menores, e ensinar os outros a fazer o mesmo, será considerado mínimo no Reino dos Céus; aquele, porém, que os observar e ensinar, esse será considerado grande no Reino dos Céus.” Mateus 5:19
Busquemos conhecer a Palavra de Deus por meio do estudo bíblico e retê-la em nosso coração por meio da meditação.
Que possamos dizer como o salmista no Salmo 119:97: “Quanto amo a tua lei! É a minha meditação todo o dia!”