Como cristãos ortodoxos de denominação Batista, defendemos que existe uma linha extremamente tênue entre contextualização e sincretismo religioso. Na verdade, ouso afirmar que não são poucos aqueles que, no desejo de contextualizarem a mensagem, sincretizaram o Evangelho, rompem com a santidade de vida e defendem que “não tem nada demais” participar ou fazer algo que claramente Deus abomina!
Sincretismo é a absorção de um sistema de crenças por outro, sendo assim, o cristianismo passa a ser moldado pelo catolicismo ou outras religiões, de acordo com as práticas incorporadas, negando a suficiência das Escrituras e das ordenanças de Deus, para a nossa vida prática.
Antes de qualquer coisa, gostaria de afirmar que acredito na necessidade de que contextualizemos a mensagem da Salvação Eterna, sem que com isso, negociemos a essência do Evangelho.
O problema é que, devido a "gospelização" da fé, parte da igreja brasileira começou a considerar todo e qualquer tipo de manifestação cultural ou religiosa como lícita. Proporcionando com isso, a participação dos crentes em eventos deste tipo, desde que, houvesse uma confissão de que tal festa agora é cultural e não mais idólatra!
Nessa perspectiva, apareceram as baladas, festas e boates gospel, arraiais evangélicos, assim também como a possibilidade de participar de festas idólatras sem ferir a glória de Deus!
Diante do exposto, gostaria de ressaltar de forma prática e objetiva, as principais razões do porquê não consideramos, como igreja local, lícito ou adequado cristãos organizarem, ou participarem de arraias, festas juninas, Halloween, etc.
Bom, ao ler essa afirmação talvez alguém possa dizer: ‘’Ah, tudo bem, eu concordo, mas a festa junina que vou não é católica, e sim evangélica ou cultural da minha cidade, portanto, não tem idolatria. Tem até cantor famoso ‘evangélico evangelizando’ na festa.’’ Pois é, o fato de transformarmos uma festa idólatra numa festa gospel ou cultural, não a torna uma festa legitimamente cristã. Além de que, o Evangelho não proporcionou mudança no idólatra que planejou a festa, e nem a cultura da cidade foi regenerada por Cristo! Sendo assim, não vemos nada demais em participar?
Outra observação a ser feita é que do ponto de vista das Escrituras, é preciso que entendamos que não fomos chamados a imitar o mundo e sim a transformá-lo.
‘’E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.’’ Romanos 12:2
Não nos diferenciamos em nada dos “cristãos judaizantes”, do pessoal da teologia da prosperidade, dos apóstolos atuais, pois estamos contribuindo para um Evangelho não ortodoxo. Basta ler sobre a história da igreja e veremos que um dos graves problemas da igreja ao longo da história sempre foi a sincretização da fé.
Paulo nos ensina a não nos conformarmos com este século, (Romanos 12:1-2), significando nada mais, nada menos, do que tomar a “forma” desde mundo.
No afã de se entreter e provar de boa comida (e não duvido disso), parte da igreja brasileira tem se aproximado de conceitos anticristãos, negociando, assim, valores que jamais deveriam ser negociados.
Talvez alguns possam dizer: “Só fui me divertir, passar o tempo, e comer… Não adorei imagem nenhuma.” Ora, como já escrevi e preguei inúmeras vezes, o fato de você não fazer algo errado (idolatrar na festa, por exemplo), não significa que você fez o correto apenas estando lá. Há ímpios que nunca fumaram ou mataram (coisas erradas), mesmo assim, Deus os odeia, por não serem submissos à doutrina e a piedade.
Não nos esqueçamos que, de acordo com Romanos 8, a vida no Espírito e no caráter cristão é marcada por padecer pelo Evangelho, abrindo mãos de nossos desejos que não glorificam a Deus.
‘’Porque, se viverdes segundo a carne, caminhais para a morte; mas, se, pelo Espírito, mortificardes os feitos do corpo, certamente, vivereis. Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus.’’ Romanos 8:13-14
A Palavra de Deus em nenhum momento nos incentiva a nos entreter com vistas a se alegrar em festas pagãs.
Diante do exposto, não possuo a menor dúvida em afirmar que as igrejas que organizam festas juninas com danças, vestes caipiras e outras coisas mais, ou membros de igrejas protestantes que vão a tais festas, romperam a linha limite da contextualização, embarcando de cabeça no barco do sincretismo.
Isto posto, me parece coerente e sábio que em situações deste tipo apliquemos a orientação paulina que diz: "Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm; todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas edificam.” 1 Coríntios 10:22-23