Desde o momento desafiador da pandemia, temos visto um crescimento no interesse pela teologia reformada entre nossos irmãos. O confinamento social trouxe a necessidade de participar de cultos online, levando muitos, antes limitados às suas igrejas locais, a descobrirem aspectos do Evangelho que ainda não conheciam. A situação despertou em muitos o desejo de buscar mais a Palavra de Deus e de encontrar novas perspectivas, incluindo aqueles que cresceram na fé.
A Bíblia nos lembra em Hebreus 4:12 que “a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes.” Mesmo em meio ao caos, Deus tocou o coração de Seus filhos, revelando o poder transformador do Evangelho, e, nesse processo, muitos pregadores reformados se tornaram conhecidos.
Com a volta à vida social, alguns se aprofundaram em sua caminhada com Deus, enquanto outros se afastaram. Ainda assim, o resultado foi uma busca por um entendimento mais profundo da graça e da salvação, recuperando um tempo que muitos sentiam ter sido perdido. Como nos ensina Efésios 2:8-9, “porque pela graça vocês são salvos, mediante a fé; e isso não vem de vocês, é dom de Deus; não por obras, para que ninguém se glorie.”
Porém, é preciso cautela. Essa busca intensa por conhecimento, embora positiva, pode levar alguns a caminharem sozinhos, sem a orientação de um pastor e a comunhão com os irmãos. A Palavra nos exorta em Atos 20:28 a cuidar uns dos outros, e isso inclui buscar crescimento no ambiente seguro da igreja, onde o Espírito Santo age no coletivo.
Hoje, observamos uma valorização cada vez maior dos estudos e livros sobre temas teológicos, mas é importante lembrar que o conhecimento deve sempre nos aproximar de Deus e do nosso próximo. Como nos ensina 1 Coríntios 8:1, “o conhecimento ensoberbece, mas o amor edifica.” Assim, nossa sede por entendimento nunca deve enfraquecer nossas mãos para o trabalho do Reino. Paulo, que quanto mais conhecia, mais se deixava gastar pelo Evangelho, é o maior exemplo disso: “Eu, de muito boa vontade, gastarei, e me deixarei gastar, pelas vossas almas, ainda que, amando-vos cada vez mais, seja menos amado” (2 Coríntios 12:15). Estamos falando do apóstolo mais erudito da história, que uniu seu saber a um amor sincero pela igreja e pelas almas.
É comum vermos um crescente interesse por livros reformados e vídeos sobre temas complexos. A questão que surge é: estamos vivendo o que estamos aprendendo? Será que o entendimento da graça nos trouxe mais amor a Deus e ao próximo, ou temos usado esse conhecimento apenas para debates sem propósito?
O conhecimento é um presente, mas ele só faz sentido quando nos transforma e edifica a vida dos irmãos. Vamos refletir sobre onde estamos investindo nosso tempo e como isso está moldando nosso caráter e nossa vida em comunidade. Afinal, Tiago 1:22 nos aconselha a sermos “praticantes da palavra, e não apenas ouvintes.”
Durante a pandemia, o culto online foi uma necessidade, mas hoje somos chamados a congregar presencialmente. Hebreus 10:25 nos lembra: “Não deixemos de congregar, como é costume de alguns, mas procuremos incentivar-nos uns aos outros.” A comunhão e a unidade do corpo de Cristo são insubstituíveis.
A internet tornou acessível muito conhecimento, mas também pode nos distanciar daqueles que Deus nos deu para pastorear nossas almas. Pastores dedicam suas vidas ao rebanho, conhecem nossas histórias e têm a responsabilidade de nos orientar. Hebreus 13:17 nos ensina a valorizar esses homens, que velam por nossas almas.
Celebrando a Reforma com Reflexão
A celebração da Reforma Protestante é, sem dúvida, um momento significativo para nós, cristãos reformados. É uma data de agradecimento a Deus, que usou Lutero para corrigir os erros da Igreja de sua época, restaurando o verdadeiro Evangelho. Hoje, no entanto, podemos perguntar: estamos vivendo verdadeiramente os valores da Reforma? Conseguimos perceber os problemas da Igreja contemporânea, que corre o risco de se tornar superficial e distante da essência do Evangelho?
A Reforma já ocorreu e sua mensagem permanece viva. Porém, mais do que nunca, precisamos de um avivamento, um novo despertar espiritual que nos leve a valorizar a Palavra, a comunhão com os irmãos e o papel do homem de Deus em nossas vidas. A Reforma trouxe a luz da Palavra de volta ao centro do culto, e o avivamento pode reacender em nós o fogo do Espírito, nos fazendo viver de modo digno do chamado que recebemos em Cristo.
Neste Dia da Reforma, faça uma autoavaliação espiritual e peça ao Senhor para mostrar quais áreas da sua vida necessitam do Seu avivamento. Que Ele reavive o nosso amor pela Palavra, pela comunhão e pela prática da fé, para que sejamos testemunhas vivas do Evangelho transformador de Jesus Cristo.