Como se preparar biblicamente?
Publicado em 31/01/2025
A Ceia do Senhor é um dos momentos mais solenes e significativos da vida cristã. Ela nos convida a refletir sobre o sacrifício de Cristo, examinar nossos corações e proclamar a nossa fé até o dia da Sua vinda. Mas como devemos nos preparar para participar deste sacramento dignamente?
“Tomando o pão, deu graças, partiu-o e o deu aos discípulos, dizendo: ‘Isto é o meu corpo dado em favor de vocês; façam isto em memória de mim’. Da mesma forma, depois da ceia, tomou o cálice, dizendo: ‘Este cálice é a nova aliança no meu sangue, derramado em favor de vocês.” (Lucas 22:19-20)
Quando instituiu à ceia na Páscoa, às vésperas de sua morte, Cristo sabia que o seu corpo seria entregue à cruz e esmagado para saciar a ira de Deus, como os profetas haviam dito muito antes. A Aliança de Deus com seu povo foi firmada pelo sangue puro do Filho.
“Todavia, ao Senhor agradou moê-lo, fazendo-o enfermar; quando a sua alma se puser por expiação do pecado, verá a sua posteridade, prolongará os seus dias; e o bom prazer do Senhor prosperará na sua mão.” (Isaías 53:10)
Cristo estabeleceu o ritual entre seus discípulos, a Igreja. A ceia anuncia a morte de Jesus Cristo entre os cristãos para que estes nunca se esqueçam do seu corpo entregue na cruz e do seu sangue derramado, por isso, não podemos nos assentar à mesa do Senhor levianamente. Participar da Ceia exige uma preparação espiritual sincera, marcada por arrependimento e gratidão.
‘’Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e, assim, coma do pão, e beba do cálice; pois quem come e bebe sem discernir o corpo, come e bebe juízo para si. Eis a razão por que há entre vós muitos fracos e doentes e não poucos que dormem.’’ (1 Coríntios 11:28-30)
Antes de participar, é essencial que cada cristão examine sua vida à luz das Escrituras. Pergunte a si:
Tenho vivido de acordo com a vontade de Deus? ‘’Se me amais, guardareis os meus mandamentos.’’ (João 14:15)
Há pecados não confessados em minha vida? ‘’Examinai-vos a vós mesmos se realmente estais na fé; provai-vos a vós mesmos.’’ (2 Coríntios 13:5)
Estou em comunhão com meus irmãos na fé? "Confessai os vossos pecados uns aos outros e orai uns pelos outros, para serdes curados" (Tiago 5:16)
Confesse seus pecados ao Senhor e busque arrependimento genuíno. A Ceia é um convite à santidade e a perseverança fé. ‘’Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para perdoar os nossos pecados e nos purificar de toda injustiça.’’ (1 João 1:9)
"Portanto, qualquer que comer este pão ou beber o cálice do Senhor indignamente será culpado do corpo e do sangue do Senhor." (1 Coríntios 11:27)
É muito comum em igrejas que algumas pessoas deixem de ceiar erroneamente, por medo do alerta de Paulo em 1 Coríntios 11:27, não se considerando dignas. Porém, a dignidade não vem das nossas obras, e sim da justiça que Cristo nos concedeu.
‘’e quem não toma a sua cruz e vem após mim não é digno de mim.’’ (Mateus 10:38)
‘’não por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo sua misericórdia, ele nos salvou mediante o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo’’ (Tito 3:5)
Se vivemos esta verdade, somos dignos, pois não vivemos no pecado. A indignidade mencionada por Paulo se refere à atitude desrespeitosa e não à ausência de mérito próprio, já que nenhum de nós pode se aproximar de Deus por obras humanas, mas apenas pela justiça de Cristo imputada a nós pela fé.
Por isso, este é um momento de reflexão para aqueles que dizem ser cristãos, mas não praticam a fé professada, não passando pelo arrependimento genuíno, pois os indignos serão culpados assim como aqueles que assassinaram a Cristo.
‘’Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim.’’ (Mateus 15:8)
‘’Mas, se o perverso se converter de todos os pecados que cometeu, e guardar todos os meus estatutos, e fizer o que é reto e justo, certamente, viverá; não será morto. De todas as transgressões que cometeu não haverá lembrança contra ele; pela justiça que praticou, viverá. Acaso, tenho eu prazer na morte do perverso? — diz o SENHOR Deus; não desejo eu, antes, que ele se converta dos seus caminhos e viva?’’ (Ezequiel 18:21-23)
A Ceia não é um ritual comum, mas um ato de adoração que pertence exclusivamente à Igreja de Cristo e não pode ser banalizado. Participar indignamente é desonrar o sacrifício de Jesus. Por isso, aproxime-se da mesa com reverência, consciência e gratidão pelo que Deus tem feito em sua vida.
‘’Por isso, recebendo nós um reino inabalável, retenhamos a graça, pela qual sirvamos a Deus de modo agradável, com reverência e santo temor’’ (Hebreus 12:28)
Como explicamos anteriormente, o alerta sobre a participação indevida da ceia não visa afastar os crentes verdadeiros, mas sim advertir contra a irreverência e a hipocrisia, já que João reforça a importância vital da Ceia: ela aponta para nossa total dependência de Cristo como o pão da vida e nosso Salvador.
"Se não comerdes a carne do Filho do homem e não beberdes o seu sangue, não tereis vida em vós mesmos." (João 6:53)
‘’Declarou-lhes, pois, Jesus: Eu sou o pão da vida; o que vem a mim jamais terá fome; e o que crê em mim jamais terá sede.’’ (João 6:35)
O medo da indignidade não deve nos impedir de obedecer ao Senhor nesse ato de comunhão, pois Ele mesmo nos convida à Sua mesa. Embora a Ceia não tenha poder para salvar a alma, ela é uma ordenança necessária para os nascidos de novo. É um testemunho público de nossa união com Cristo e com Seu corpo, a Igreja. Um cristão que evita a Ceia negligencia a comunhão com o Senhor e com os irmãos na fé.
‘’ Assim, pois, irmãos meus, quando vos reunis para comer, esperai uns pelos outros.’’ (1 Coríntios 11:33)
A Ceia não deve ser administrada de maneira individual, pois simboliza a unidade da Igreja. Partilhar uma refeição à mesa exige intimidade. Por isso, antes de participar, avalie se há divisões ou mágoas que precisam ser resolvidas. Reconciliar-se com os irmãos é um passo essencial para vivenciar a comunhão plena no corpo de Cristo.
‘’Se, pois, ao trazeres ao altar a tua oferta, ali te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa perante o altar a tua oferta, vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; e, então, voltando, faze a tua oferta.’’ (Mateus 5:23-24)
‘’Suportai-vos uns aos outros, perdoai-vos mutuamente, caso alguém tenha motivo de queixa contra outrem. Assim como o Senhor vos perdoou, assim também perdoai vós; acima de tudo isto, porém, esteja o amor, que é o vínculo da perfeição. Seja a paz de Cristo o árbitro em vosso coração, à qual, também, fostes chamados em um só corpo; e sede agradecidos.’’ (Colossenses 3:13-15)
Dizer que a Igreja é o Corpo de Cristo significa que ela é uma comunidade espiritual unida a Cristo como sua cabeça, e aos outros crentes como membros. Assim como um corpo tem muitas partes diferentes que trabalham juntas para possibilitar pleno funcionamento, a Igreja, composta por diversos membros, atua em diversas áreas sob a liderança de Cristo, de forma que um membro sozinho não forma um corpo humano. Assim, entendemos a centralidade de Cristo na Igreja e a dependência mútua dos crentes.
"Porque todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice anunciais a morte do Senhor, até que venha." (1 Coríntios 11:26)
Cada vez que participamos da Ceia, proclamamos a morte de Jesus e reafirmamos nossa esperança na Sua segunda vinda. Ela nos lembra de que Cristo voltará para buscar Seu povo, e nos convida a viver em santidade enquanto aguardamos esse glorioso dia.
‘’O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo; e o vosso espírito, alma e corpo sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo.’’ (1 Tessalonicenses 5:23)
"Bem-aventurados aqueles que são chamados à ceia das bodas do Cordeiro." (Apocalipse 19:9)
Precisamos entender a linguagem usada no Apocalipse que é a mesma usada por Jesus na Parábola das 10 Virgens, que fala da sua vinda.
‘’Então, o reino dos céus será semelhante a dez virgens que, tomando as suas lâmpadas, saíram a encontrar-se com o noivo. Cinco dentre elas eram néscias, e cinco, prudentes. As néscias, ao tomarem as suas lâmpadas, não levaram azeite consigo; no entanto, as prudentes, além das lâmpadas, levaram azeite nas vasilhas. E, tardando o noivo, foram todas tomadas de sono e adormeceram. Mas, à meia-noite, ouviu-se um grito: Eis o noivo! Saí ao seu encontro! Então, se levantaram todas aquelas virgens e prepararam as suas lâmpadas. E as néscias disseram às prudentes: Dai-nos do vosso azeite, porque as nossas lâmpadas estão-se apagando. Mas as prudentes responderam: Não, para que não nos falte a nós e a vós outras! Ide, antes, aos que o vendem e comprai-o. E, saindo elas para comprar, chegou o noivo, e as que estavam apercebidas entraram com ele para as bodas; e fechou-se a porta.Mais tarde, chegaram as virgens néscias, clamando: Senhor, senhor, abre-nos a porta! Mas ele respondeu: Em verdade vos digo que não vos conheço. Vigiai, pois, porque não sabeis o dia nem a hora.’’ (Mateus 25:1-13)
No noivado judaico, o noivo pagava um dote como prova de compromisso, que era tão sério quanto o casamento. Cristo, o Noivo da Igreja, pagou o preço mais alto: Sua própria vida.
Após o contrato, o noivo preparava uma casa para a noiva, que aguardava embelezada e pronta para o casamento. Percebe a referência? Hoje, a Igreja espera a volta de Cristo, nosso Noivo. Então, o noivo buscava a noiva para a celebração das bodas com um grande banquete. Assim como a noiva se preparava para o casamento, a Igreja deve viver em santidade e fidelidade. Cristo virá para consumar a união eterna com Sua noiva.
As Bodas do Cordeiro são uma metáfora que representa a união final entre Cristo e Sua igreja. Cristo, o Noivo que resgata e adorna Sua igreja. Aguardamos pela plena comunhão com Deus no banquete celestial, um símbolo da eterna e gloriosa comunhão prometida aos redimidos. Você anseia por este momento?
"E disse-lhes: Desejei muito comer convosco esta páscoa, antes que padeça; porque vos digo que não a comerei mais até que ela se cumpra no reino de Deus.” (Lucas 22:15-16)
‘’Assim como meu Pai me confiou um reino, eu vo-lo confio, para que comais e bebais à minha mesa no meu reino; e vos assentareis em tronos para julgar as doze tribos de Israel.’’ (Lucas 22:29-30)
A Ceia das bodas do Cordeiro se relaciona com a promessa de Cristo de não comer ou beber da Ceia novamente até que Ele volte, quando estaremos unidos a ele eternamente. Participar dela agora é uma antecipação da comunhão perfeita que teremos com Ele na glória.
A Ceia do Senhor é um privilégio reservado àqueles que nasceram de novo. Prepare-se para este momento com arrependimento, gratidão e amor por Cristo e pela Igreja. Que este memorial seja uma oportunidade para reafirmar sua fé, celebrar a obra de Cristo e renovar sua esperança na vida eterna.